segunda-feira, março 23, 2009

Fumar

Fumo!
Fumo pelo gosto.
Fumo pelo sentir.
Fumo por aquilo.
Fumo por isto.
Fumo para pensar.
Fumo por pensar.
Fumo por falar.
Fumo por agir.
Fumo por não agir.
Fumo por me acobardar.
Fumo para me acalmar.
Fumo quando ouço.
Fumo quando quero.
Fumo quando escrevo.
Fumo com os amigos.
Fumo porque me agrada.
Fumo porque às vezes ajuda.
Fumo porque por vezes sabe bem.
Fumo quando estou mal.
Fumo quando estou bem.
Fumo pelo passado.
Fumo pelo presente.
Fumo pelo que falta acontecer.
Fumo pela incerteza.
Fumo pela certeza da incerteza.
Fumo por ser eu.
Fumo por quem sou.

Acendo um cigarro e viajo pelos inebriantes pensamentos de um outro ser, que não o meu.
A procura deixa de existir e nada parece tão certo, tão constante.
Torna-se tudo difuso em mim.
Eu páro, puxo e travo. Solto. Admiro o fumo expelido dos meus pulmões.
Por momentos acalmo e tudo se torna breve.
Respiro.
Penso!

A vida de criança é fácil de ter..!

sábado, março 14, 2009

14/03/87

"Acordei!
Pensei no que se tinha sucedido. Uma imensidão de pensamentos assombraram-me, vindo do nada recuei no tempo, um ano, dois anos, três anos, não mais. Esboço um sorriso introspectivo a saber-me a sal.
Penso, enquanto procuro um cigarro. Penso: cada pessoa tem o seu caminho a seguir, tem a sua vida a programar, tem as suas escolhas por fazer e com elas se define essa pessoa.
Assustam-me os sonhos, assusta-me o futuro. Mas nisso sempre assim fui. Perdi o medo de algumas coisas. Penso que sempre me preocupei com os pensamentos de outrem, preocupava-me demais o que poderiam pensar ou fazer.
Reuni pensamentos suficientes para tentar escrever algo.
Fiz muitas asneiras no passado, há quem saiba o quê, mas isso não interessa. Tomei varias decisões incorrectas e falei coisas incertas. Magoei quem me rodeava por vezes.
Em 5 anos de existência mais assídua, menti ,traí, enganei, ocultei, fiz coisas que ninguém poderia imaginar, coisas más. Coisas que agora não me orgulho, nem na altura me orgulhei, espero.
Arrependimento. Penso ser a palavra certa neste caso.
Nunca fui de ser negativo, por isso penso não passar a se-lo agora.
Posso ter feito muita Merda, mas penso ter feito o equivalente em coisas boas, no mínimo, espero!
Tenho amigos, vários grupos até, uns em cima dos outros, tenho alguns que posso considerar verdadeiros amigos, não muitos, mas pelo menos esses nunca me faltaram.
Penso que cada um saiba quem seja.
Mas, voltando, pelo menos a esses penso nunca ter enganado ou mentido, posso ter omitido, mas apenas por momentos. Para salvaguardar!
Nestes 5 anos, tive pelo menos 3 relações, relações essas que posso considerar minimamente sérias.
A primeira, penso ter sido a transição necessária para a minha verdadeira adolescência, onde nada aprendi em concreto.
A segunda, penso ter sido a mais errante. A Mais tudo! Aí penso ter aprendido parte dos verdadeiros sentimentos. Descobertas a nível psicológico. Penso que ninguém descobre as coisas sem passar por elas, não ter conhecimento da realidade dos sentimentos sem passar por eles.
A terceira. O complemento de Tudo. A descoberta de um outro eu, de um outro mundo. A descoberta do meu verdadeiro eu. O mais confuso, o mais incerto, o mais profundo. O mais decadente a nível psicológico. O completar do meu Ser.
Algures no meio destes anos, aprendi, experenciei e vivi vidas diferentes.
Posso dizer que nem vivi mal, que aprendi bastante. Mas o uso da minha experiência, da minha vivência, nunca foi a melhor. Penso ter sido a necessária para me 'sustentar' enquanto Ser Humano.
Com essa vivência cheguei sempre a um ponto onde teria de tomar decisões. Decisões essas não muito leves de tomar. Mas como sempre nunca pensei muito nelas, talvez numa ou outra, quando assim tinha de ser.
Mais uma vez tive de tomar decisões, decisões que formariam um futuro.
Penso ter tomado a decisão mais correcta. O tempo serve para se conhecerem as pessoas certas, e as verdadeiras pessoas que me rodeiam. Pensei e repensei tudo o que vivi, tudo o que experenciei, tomei ainda mais decisões, errei mais também, mas tudo faz parte da vida.
Acabando de fumar!"

Agora, com 22 anos, penso ser a altura certa para certos acontecimentos, para me tornar, no mínimo, um pouco mais razoável.
Sempre acreditei demais nas palavras, sempre desejei mais actos, demonstrações. Fiquei sempre com questões, sem haver respostas que satisfazem o meu complexo. Incógnitas, que penso que ficarão até me esquecer.
Os Amigos e as Amigas, tenho noção que poderão ir e vir, ganhar uns, perder outros. Mas os mais importantes nunca partem.
As relações passadas, ficarão sempre onde devem ficar, na minha memória mais profunda! Sem nunca perder a esperança de certas coisas.
Família, é parte de mim, mostra quem sou e de onde venho, a minha raiz. Talvez me caiba a mim 'aperfeiçoar' os erros dela.
Seguirei com a minha filosofia de vida, normal, igual a mim próprio, mas talvez haja umas mudanças, para bem, espero.
Neste dia, peço desculpa aqueles que decepcionei, com o tempo quero remendar isso.

Assim sou eu!

Aquele abraço.
João Nuno Franco Castela




- Uma mensagem .. e fiquei a ver o nascer do Sol! -

quarta-feira, março 11, 2009

"If youth knew; if age could." - Sigmund Freud

Ouvi dizer...
...que as palavras eram perigosas!
...que os actos não eram válidos!
...que os perfumes deviam ser guardados.
...que os sons nada deviam significar.
...que os olhares eram proibidos.
...que os pensamentos deviam ser mantidos como tal!

Numa rua, meio perdido, uma calçada conhecida um pouco difusa, distinta. Um Ser desamparado. Encontro-me lá. Caminho, um pouco sozinho. Apenas acompanhado pelos meus pensamentos pouco certos.
Por onde passo ouço vozes, aqui, ali, além, sempre um pouco distantes, falam numa outra língua que não a minha.
Nem tudo é estranho, o andar, os pensamentos, o caminho, os alentos.
Abrando, páro, olho o chão, para o lado e finalmente o céu!
Todos os sentidos desaparecem, a mente fecha-se, apaga-se e eu, Eu sou Nada. Nada!

No entanto, espero. Espero!
Respiro. Inspiro, expiro. Respiro. Abro a mente ao que me rodeia, todos os sentidos se apercebem, atingem o seu auge e todo o meu corpo esmorece. Caio na realidade!

Sento-me, sentindo o corpo cansado. Repito, olho para baixo, para o lado e para cima. Definho o horizonte, relembro, cai algo e sorrio. Calmamente aprecio, o meu horizonte!

domingo, março 08, 2009